Antes de começarem a ler este "post", quero reafirmar que perfilho, desde antes do 25/4, os ideais da liberdade, da democracia e da solidariedade, que, para mim, são coisas sagradas e intocáveis.
Ao colocar este "post", pretendo dar a conhecer a todos os que o virem, os crimes que foram cometidos por uma denominada Frente de Libertação de Moçambique que conduziu o Moçambique para uma outra ditadura muito mais feroz, durante a qual foram cometidos os crimes mais horríveis, só comparados aos dos nazis, kmers vermelhos, maoistas chineses e, por que não falar, dos indonésios que eliminaram quase metade da população de Timor-Leste.
Acho que é um dever de todos as pessoas de boa vontade denunciar estes crimes e, cujos algozes, como Marcelino dos Santos, Sérgio Vieira, Armando Guebuza, e muitos outros, continuam continuam a ser os "donos" de Moçambique.
Como já referi num "post" anterior, a minha ideologia política é de esquerda democrática, pelo que defendo, acima de tudo, a vida humana, e que a justiça, embora tarde, venha a ser feita.
Em nome da liberdade, da justiça e da democracia, irei continuar a colocar mais "posts" neste Blog, para, na medida do possível, alertar as consciências de todos, incluindo os nosso políticos que fizeram esta "maravilhosa" descolonização.
(Joana Simeão, 2ª. da 1ª. fila)
Texto de Júnior Lacerda
Quarta-Feira, 25 de Agosto de 2004, 10:59:15
Certamente estará na obra, mas aqui deixo um apontamento:
Uria Simango esteve detido no mais terrível "centro de
reeducação", que existiu em Moçambique: o de M'telela. De 1800
prisioneiros que lá entraram, saíram com vida menos de cem.
O campo de M'telela ocupou as antigas instalações do quartel
português de Nova Viseu, em Majune, na província do Niassa. Em
Novembro de 1975, este campo recebeu os presos políticos da Frelimo,
transferidos do centro de instrução da guerrilha em Nachingweia, na
Tanzânia.
Foram mantidos durante um ano e meio em isolamento, fechados em
celas individuais, de onde saíam apenas duas vezes por semana, das
oito às onze da manhã.
No dia 25 de Junho de 1977, vai fazer agora 27 anos, uma caravana
de jipes chegou ao campo. Dessa comitiva faziam parte o comissário
político do Serviço Nacional de Segurança Popular, o chefe da
Contra- Inteligência militar e o governador do Niassa. Os visitantes
cominicaram ao "grupo dos reaccionários" que o Presidente da
República decidira convocá-los a Maputo para dicutir a sua libertação.
Oito importantes prisioneiros foram destacados para,
alegadamente, seguirem na coluna de jipes para Lichinga, onde
tomariam um avião para Maputo: Joana Simeão, Lázaro Nkavandame, Raul
Casal Ribeiro, Arcanjo Kambeu, Júlio Nihia, Paulo Gumane, o padre
Mateus Gwengere e o reverendo Uria Simango.
A caravana arrancou, mas parou perto do "campo de reeducação",
por alturas da terceira ponte da picada M'telela-Lichinga.
Na berma da estrada, os soldados tinham aberto com uma escavadora
mecânica uma grande vala e tinham-na enchido parcialmente de lenha.
Amarraram os prisioneiros, atiraram-nos para dentro da vala,
regaram- nos com gasolina e pegaram-lhes fogo.
O reverendo Uria Simango e os outros presos políticos da Frelimo
foram queimados vivos, enquanto os soldados entoavam hinos
revolucionários em redor da vala.
O texto acima foi coligido a partir do que foi publicado no n.º
277 da revista "Magazine", do jornal "Público" de 25 de Junho de 1995
1995. O assunto foi tema de capa daquela revista, com o título "Os Campos da Vergonha" - A história inédita dos "centros de reeducação"
em Moçambique, que me foi enviado por pessoa amiga. Mas, gostaria
que alguém, nos dissesse quem eram ou são as três
personagens: comissário político do Serviço Nacional de Segurança
Popular, o chefe da Contra-Inteligência militar e o governador do
Niassa, que, por outra via, soube também terem dançado à volta das
chamas e o porquê de "25 de Junho de 1977"?
Fernando Gil
http://www.maputo.co.mz/por/foruns/diversos/uria_simango_um_homem_uma_causa