Naschingwea está intrinsecamente ligada à guerra de libertação de Moçambique, tanto como campo de treino da Frelimo, na sua guerra de libertação, como aos maiores crimes cometidos após o dia 25 de Abril de 1974.
Aquilo que foi um campo de treino militar dos guerrilheiros da Frelimo com todas as suas envolventes, de que já falei em posts anteriores, como a escravidão, a prostituição, os castigos morais e materiais e materiais, tornou-se, após 25 de Abril de 1974, no maior campo da vergonha daquilo que foram pretensos julgamentos de patriotas moçambicanos, que lutaram pela libertação do seu povo do jugo colonialista e que ali, antes que Moçambique se tornasse independente de facto foram sujeitos às maiores sevícias. Estes patriotas foram julgados pelo acusador e pelo juiz (Frelimo), sem direito a qualquer defesa, porque não havia, ainda tribunais constituídos, dado que Portugal ainda era a potência soberana, pelo que as leis seriam as da República Portuguesa, mas o conluio entre o MFA e a Frelimo permitiu que esses atentados contra os direitos humanos fossem cometidos. Uria Simango, Drª. Joana Simeão, Paulo Gumane, Mateus Gwengere, Pedro Mondlane, Lázaro Kavandame, Júlio Razão e muitos outros por ali passaram e todos foram condenados à reeducação nos Campos de Metelela, Bilibiza, Lupilichi e tantos outros, onde foram exterminados e enterrados em valas comuns.

Uma farsa dos julgamentos de Nashingwea
Uria Simango e Mateus Gwengere obrigados a confessar crimes que não cometeram, perante Marcelino dos Santos e Samora Machel
Por estas sevícias, também passaram muitos portugueses nas prisões da Beira e Lourenço Marques, como o capitão GEP Luís Fernandes , cujo martírio é bem conhecido e fruto do referido conluio entre o MFA e a Frelimo.
Prisioneiros da Frelimo em Nashingwea
Tal como referi acima, há milhares de patriotas moçambicanos cuja memória deverá ser reabilitada e que jazem em valas comuns no Niassa, em Cabo Delgado e na Zambézia sem que o partido no poder (Frelimo) esteja interessado em fazer esse trabalho, pensando que a memória dos povos é curta e que este assunto irá cair no esquecimento. Mas assassinos como Armando Guebuza, Sérgio Vieira, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, Matsinhe, Thimba, Alberto Chipande, Sebastião Mabote, Joaquim Chissano, Graça Machel e tantos outros, que agora se passeiam nas cidades de Moçambique em automóveis de topo de gama, enquanto o povo continua na miséria, terão que ser julgados e responder pelos seus crimes.
Os "Campos de Extermínio ou Campos da Vergonha"
Os crimes contra a humanidade não prescrevem e este Blog saúda o aparecimento da Associação que pretende reabilitar a memória dos patriotas assassinados pela Frelimo e coloca-se, desde já, ao dispor da referida Associação para colaborar em tudo o que lhe for possível.
Vamos para a frente, porque o futuro é possível.
Ovar, 27 de Maio de 2010
Álvaro Teixeira (GE)
Matavela passou pelo meu Sector e havia um bom relacionamento com todo o pessoal sob o meu comando. Acompanhei-o até ao último Destacamento que separava Tete de Manica e Sofala, na zona de Changara. Depois segui até ao rio Luenha, dali regressando ao meu Sector.
Ao chegar ao Destacamento de Chioco, então comandado por Damião Phiri, deparei-me com uma operação portuguesa dos Grupos Especiais Pára-quedistas, que decorria contra as nossas forças; estas demonstraram resistência, contra-atacando e provocando baixas e a rendição de um Furriel de nome Pedro Câmara, um Enfermeiro Cabo de nome Boaventura e um Soldado de nome Daniel.
Como a política da FRELIMO era, teoricamente, de clemência, recebi-os. Traziam o seu armamento com munições, granadas de mão e um rádio de transmissões. Fui com eles até à Base Central da Região, elaborei um relatório e encaminhei-os para o 1º Sector, mais precisamente para a Base Central Provincial. Daí foram enviados para Nachingwea, onde mais tarde vim a saber que foram acusados de serem agentes inimigos que tencionavam assassinar dirigentes da FRELIMO, inclusive, o próprio Samora Machel.
Pedro Câmara foi condenado à pena capital e fuzilado em Cabo Delgado. Os dois outros colegas conseguiram escapar para a Etiópia, onde, segundo consta, o Boaventura foi encontrado morto por ordem da FRELIMO, enquanto Daniel fugiu, conseguindo alcançar Portugal. Um infiltrado da FRELIMO de nome Inácio Chonzi também disse que Daniel fora encontrado morto em Portugal no quarto onde vivia com a sua amante de nome Mabruque, natural da Etiópia.
Este caso dos três desertores do Exército Português constituiu um dos motivos mais importantes que me fizeram abandonar a FRELIMO. O segundo motivo surgiu com a morte de Armando Tivane, meu adjunto.
(Excertos de livro a publicar por um ex-comandante da Frelimo)
Ovar, 19 de Janeiro de 2010
Álvaro Teixeira (GE)
Como já é do conhecimento de todos, a morte de Filipe Magaia foi planeada e mandada executar pelo Samora Machel, por dois motivos essenciais, o primeiro de ambição do poder, a fim de ser nomeado pelo Eduardo Mondlane chefe do dispositivo militar e de segurança da Frelimo e o segundo, ficar com a viúva de Filipe Magaia, Josina Muthemba, mais tarde, Josina Machel.
De acordo com vários historiadores, cuja credibilidade nunca foi posta em causa, este foi o primeiro passo dado pelo Samora Machel para a tomada, a prazo, do poder na Frelimo e é, neste fase, que entra a facção marxista-leninista e maoísta desta organização. Havia necessidade de eliminar todos aqueles que se opunham à tomada do poder por esta facção liderada pelo Samora Machel e que tinha, na sua retaguarda, homens como Joaquim Chissano, Marcelino dos Santos, Alberto Chipande, Mariano Matsinhe, Armando Guebuza, Castiano Zumbiri, Sérgio Vieira, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso e tantos outros.
Josina Muthemba Machel
O plano ensaiado por esta facção começa com a eliminação do comandante da DSD, Filipe Magaia e acaba com a eliminação do próprio Eduardo Mondlane que tinha dado cobertura a todas a acções empreendidas pela facção liderada pelo Samora Machel, pelo que Eduardo Mondlane veio a ser vítima da sua complacência com a ambição do Samora Machel.
Devo recordar que o Samora Machel, em termos de formação, nunca passou de ajudante de enfermagem e que a sua a sua instrução não passou dos campos de treinos de guerrilha, na Argélia, e, posteriormente, da instrução política e guerrilheira na China maoísta.
Samora Machel (Libertador ou Assassino?)
O assassinato de Filipe Magaia já foi descrito num artigo deste Blog, mas, no entanto, há necessidade de escrever algo mais acerca deste assunto e dar a conhecer a todos mais alguns dos assassinos envolvidos nesta morte que deixou de ser misteriosa. O tiro que, na emboscada, atingiu Filipe Magaia foi disparado pelo seu camarada Lourenço Matola e entre os elementos envolvidos na operação, encontrava-se um tal Lino Ibrahimo que, com a colaboração dos elementos envolvidos no assassinato, transportaram o moribundo Filipe Magaia para a fronteira de Moçambique com a Tanzânia. O Lourenço Matola foi entregue aos militares tanzanianos e desapareceu. Todos os outros foram levados para o campo de Nachingwea, onde, alguns foram fuzilados, de imediato, e outros enviados para bases no interior de Moçambique, onde tiveram a mesma sorte. O tal Lino Ibrahimo foi enviado para a base Beira, em Cabo Delgado, onde foi abatido pelo actual general João Facitele Pelembe, comandante da base, quando procurava abrigo de um ataque aéreo efectuado por aviões T6 das FAP (Força Aérea Portuguesa).
Graça Machel ( e esta senhora não tem nada a dizer?). Afinal, foi esposa de um criminoso.
Samora Machel procurou, por todos os meios, eliminar todas as testemunhas deste acto criminoso, tal como veio a suceder com o assassinato do Eduardo Mondlane com a conivência do presidente tanzaniano, Julius Nyerere.
LISTA DE ELEMENTOS ELIMINADOS PELA FRELIMO
1.º Padre Timóteo Uria Simango – Vice-Presidente da FRELIMO - Queimado vivo em Metelela (Niassa)
2.º Padre Mateus Gwengere - Idem
3.º Filipe Samuel Magaia – Departamento de Segurança e Defesa (DSD)
4.º Casal Ribeiro – Vice-Chefe do DSD
5.º Francisco Manhangá - Envenenado no Hospital Muhimbiri (Secretário da Defesa P. Tete)
6.º Lazaro Kavandame – Secretário da Defesa - Cabo Delgado
7.º Alberto Mutumula - 1º Comissário Politico - Zambézia
8.º António Silva – 1º Comandante e Defesa P. Zambézia e Niassa
9.º António Mpindula – Adjunto Comandante e Defesa P. Zambézia
10.º António Jahova – 1º Comandante e Defesa – Mutarara, Tete
11.º Alberto Sande – Chefe do 1º Campo de Treino Kongwa - Tanzânia
12.º Luís Arrancatudo – Instrutor Campo Bagamoyo - Tanzânia
13.º José Alves -1º Secretário Provincial - Zambézia
14.º Alexandre Magno – 2º Secretário Provincial - Zambézia
15.º Alves Couviua - Combatente
16.º Luís Njanji – Comandante - Tete
17.º Armando Malata – Responsável de Material Bélico - Tete
18.º António Machado – Comandante (natural da Zambézia)
19.º António Mazuze – Comandante em Marupa – Niassa (Natural de Gaza)
20.º Frackson Banda – Comandante Destacamento Tete
21.º Manuel Mumba – Comissário Politico (Natural Tete)
22.º Lino Ibrahimo – Comandante FRELIMO fuzilado em Cabo Delgado
23.º José Mandindi – Comissário Politico (Natural Niassa)
24.º José Rivas – Comandante Base Furancungo - Tete
25.º Dr. Cambeue – Um dos Dirigentes da COREMO (Natural de Murumbala – Zambézia)
26.º Basílio Banda – Líder MONIPAMO e opositor da FRELIMO (Natural do Niassa)
27.º Dr.ª Joana Simeão – Vice-Presidente da GUMO. Queimada viva em Metelela
28.º José Nicodêmo – Dissidente da FRELIMO (Natural da Zambézia)
29.º Félix Mendes - Combatente da FRELIMO (Natural de Tete)
30.ºAntónio Ferrão – Comandante da FRELIMO (Natural de Tete)
31.º Francisco Cúfa – Um dos Lideres da FRELIMO (Natural da Zambézia)
32.º Augusto Nababele – Combatente (Natural da Zambézia)
33.º Josina Mutemba – Ex-namorada de Filipe Magaia, e posteriormente esposa do Samora, envenenada no hospital de Muhimbiri – Dar-es-Saalam. (Natural de Quelimane)
34.º Sara Tomás – (Natural de Tete)
35.º Silvério Nungo – Dirigente da FRELIMO, Fuzilado em CABO DELGADO (Natural de Manica e Sofala)
36.º Joaquim Matias – Comandante de Bagamoyo (Natural de Cabo Delgado)
37.º Fernando Napulula – Comandante de Cabo Delgado (Natural de Cabo Delgado)
38.º Raimundo Dalepa – Comandante (Natural de Cabo Delgado)
39.º Dunía Nkunda – Comandante (Natural de Cabo delgado)
40.º Carlos Nunes - Comandante (Natural da Zambézia)
41.º António Fabião - Combatente (Natural da Zambézia)
42.º António Quembo - Combatente (Natural de Tete)
43.º Francisco Mutamanga - Chefe das Operações de Manica e Sofala (Natural de Manica e Sofala)
44º Damião Piri – Comandante (Natural de Tete)
45º Paulo Gumane – Queimado vivo em Metelela
46º Pedro Mondlane - Idem
47º Celina Simango - Idem
48º Júlio Razão - Idem
Em memória de todos os que foram assassinados pela Frelimo
Tanzânia – Nachingueia – Janeiro 1975 – Apresentação dos ditos “reaccionários” depois de uma noite de tortura. Da esquerda para a direita: pintor João Craveirinha; estudante José Francisco, 1º Comdt. de mísseis Pedro Simango; Dr João Unhai (médico); Prof. Dr. Faustino Kambeu (Direito Internacional); professora Celina Muchanga Simango (esposa do Rev. Uria Simango).
Esta é uma pequena lista que inclui os nomes de alguns fundadores da FRELIMO, bem como dos seus comandantes e Combatentes. Existem muitos outros cujos nomes que irão ser divulgados ao longo dos tempos, mas, como disse, é uma pequena amostra dos crimes cometidos pela Frelimo, durante e após a luta armada.
(Excertos do livro a publicar por um ex-comandante de guerrilha da Frelimo)
Ovar, 25 de Outubro de 2009
Álvaro Teixeira (GE)