Até quando é que a Oposição à Frelimo vai esquecer os seus Heróis?
Uria Simango foi um membro fundador da FRELIMO, com estatuto de Vice-Presidente desde a sua formação até a data do assassinato do seu primeiro líder, Eduardo Mondlane, em Fevereiro de 1969. Simango sucedeu a Mondlane na liderança da FRELIMO mas, na luta pelo poder após a morte de Mondlane, a sua presidência foi contestada. Em Abril de 1969, a sua liderança foi substituída pelo triunvirato composto pelos marxistas de linha dura Samora Machel e Marcelino dos Santos assim como Simango. Nos finais da década de 1960, a FRELIMO foi afectada por lutas internas fratricidas com vários membros a morrerem por causas não naturais.
O triunvirato não durou; Uria Simango foi expulso do Comité Central em 1969, e Samora Machel e Marcelino dos Santos acabaram por assumir o controlo total da FRELIMO. Em Abril de 1970, Simango fugiu para o Egipto onde, juntamente com outros dissidentes tais como Paulo Gumane (Vice-Secretário Geral fundador da FRELIMO), se tornou líder do Comité Revolucionário de Moçambique (COREMO), um outro pequeno movimento de libertação.
Depois da Revolução dos Cravos em Portugal em 1974, Simango retornou a Moçambique e criou um novo partido político o "Partido da Coligação Nacional" (PCN) na esperança de disputar eleições com a FRELIMO. Com ele juntaram-se ao PCN várias outras figuras proeminentes do movimento de libertação e dos dissidentes da FRELIMO: Paulo Gumane e Adelino Gwambe (também membro fundador da FRELIMO), o Padre Mateus Gwengere e Joana Simeão.
A FRELIMO recusou eleições multipartidárias. O governo português pós-1974 entregou o poder exclusivamente à FRELIMO, e Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975. Samora Machel e Marcelino dos Santos assumiram os cargos de Presidente e Vice-Presidente respectivamente. Graça Machel foi nomeada Ministra da Educação e Joaquim Chissano Ministro dos Negócios Estrangeiros. Uria Simango foi preso e forçado a fazer uma confissão pública de 20 páginas em 12 de Maio de 1975 no Centro de Reabilitação e Reeducação de Nachingwea, onde se retractava e solicitava reeducação. A sua confissão forçada pode ser ouvida em linha. Simango e os restantes líderes do PCN nunca mais foram libertados. Simango, Gumane, Simeão, Gwambe, Gwengere e outros foram secretamente liquidados numa data indeterminada entre 1977-1980. Nem o lugar onde foram executados, nem a maneira como a execução ocorreu foram até hoje divulgados pelas autoridades. A esposa de Simango, Celina Simango, foi separadamente executada algum tempo depois de 1981, e não há registo público de detalhes ou da data da sua morte.

Nota: Uria Simango, Padre Mateus Gwengere, Drª. Joana Sineão, Paulo Gumane, Júlio Razão, Lázaro Kavandame e outros foram transportados do Campo de Extermínio Metelela, com a indicação de que iriam para Lichinga (Vila Cabral), para, daí seguirem para Maputo (Lourenço Marques), a fim de que os seus processos fossem examinados e proceder-se à sua libertação. Quando as viaturas que os transportavam chegaram à terceira ponte da picada que ligava Metelela (Nova Viseu), pararam ao lado de uma vala, com o fundo cheio de lenha seca, os prisioneiros foram obrigados a descer das viaturas e empurrados para a vala e regados com combustível ao qual foi deitado fogo. Morreram queimados vivos, por ordem da Frelimo de Samora Machel, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, Sérgio Vieira, Armando Guebuza e outros, ao som de cânticos “revolucionários” dos guerrilheiros da Frelimo.
O local destas execuções está devidamente identificado e deveria ser um lugar "sagrado" para todos os opositores da Frelimo.
Ovar, 5 de Março de 2013
Alvaro Teixeira (GE)
Como já é do conhecimento de todos, a morte de Filipe Magaia foi planeada e mandada executar pelo Samora Machel, por dois motivos essenciais, o primeiro de ambição do poder, a fim de ser nomeado pelo Eduardo Mondlane chefe do dispositivo militar e de segurança da Frelimo e o segundo, ficar com a viúva de Filipe Magaia, Josina Muthemba, mais tarde, Josina Machel.
De acordo com vários historiadores, cuja credibilidade nunca foi posta em causa, este foi o primeiro passo dado pelo Samora Machel para a tomada, a prazo, do poder na Frelimo e é, neste fase, que entra a facção marxista-leninista e maoísta desta organização. Havia necessidade de eliminar todos aqueles que se opunham à tomada do poder por esta facção liderada pelo Samora Machel e que tinha, na sua retaguarda, homens como Joaquim Chissano, Marcelino dos Santos, Alberto Chipande, Mariano Matsinhe, Armando Guebuza, Castiano Zumbiri, Sérgio Vieira, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso e tantos outros.
Josina Muthemba Machel
O plano ensaiado por esta facção começa com a eliminação do comandante da DSD, Filipe Magaia e acaba com a eliminação do próprio Eduardo Mondlane que tinha dado cobertura a todas a acções empreendidas pela facção liderada pelo Samora Machel, pelo que Eduardo Mondlane veio a ser vítima da sua complacência com a ambição do Samora Machel.
Devo recordar que o Samora Machel, em termos de formação, nunca passou de ajudante de enfermagem e que a sua a sua instrução não passou dos campos de treinos de guerrilha, na Argélia, e, posteriormente, da instrução política e guerrilheira na China maoísta.
Samora Machel (Libertador ou Assassino?)
O assassinato de Filipe Magaia já foi descrito num artigo deste Blog, mas, no entanto, há necessidade de escrever algo mais acerca deste assunto e dar a conhecer a todos mais alguns dos assassinos envolvidos nesta morte que deixou de ser misteriosa. O tiro que, na emboscada, atingiu Filipe Magaia foi disparado pelo seu camarada Lourenço Matola e entre os elementos envolvidos na operação, encontrava-se um tal Lino Ibrahimo que, com a colaboração dos elementos envolvidos no assassinato, transportaram o moribundo Filipe Magaia para a fronteira de Moçambique com a Tanzânia. O Lourenço Matola foi entregue aos militares tanzanianos e desapareceu. Todos os outros foram levados para o campo de Nachingwea, onde, alguns foram fuzilados, de imediato, e outros enviados para bases no interior de Moçambique, onde tiveram a mesma sorte. O tal Lino Ibrahimo foi enviado para a base Beira, em Cabo Delgado, onde foi abatido pelo actual general João Facitele Pelembe, comandante da base, quando procurava abrigo de um ataque aéreo efectuado por aviões T6 das FAP (Força Aérea Portuguesa).
Graça Machel ( e esta senhora não tem nada a dizer?). Afinal, foi esposa de um criminoso.
Samora Machel procurou, por todos os meios, eliminar todas as testemunhas deste acto criminoso, tal como veio a suceder com o assassinato do Eduardo Mondlane com a conivência do presidente tanzaniano, Julius Nyerere.
LISTA DE ELEMENTOS ELIMINADOS PELA FRELIMO
1.º Padre Timóteo Uria Simango – Vice-Presidente da FRELIMO - Queimado vivo em Metelela (Niassa)
2.º Padre Mateus Gwengere - Idem
3.º Filipe Samuel Magaia – Departamento de Segurança e Defesa (DSD)
4.º Casal Ribeiro – Vice-Chefe do DSD
5.º Francisco Manhangá - Envenenado no Hospital Muhimbiri (Secretário da Defesa P. Tete)
6.º Lazaro Kavandame – Secretário da Defesa - Cabo Delgado
7.º Alberto Mutumula - 1º Comissário Politico - Zambézia
8.º António Silva – 1º Comandante e Defesa P. Zambézia e Niassa
9.º António Mpindula – Adjunto Comandante e Defesa P. Zambézia
10.º António Jahova – 1º Comandante e Defesa – Mutarara, Tete
11.º Alberto Sande – Chefe do 1º Campo de Treino Kongwa - Tanzânia
12.º Luís Arrancatudo – Instrutor Campo Bagamoyo - Tanzânia
13.º José Alves -1º Secretário Provincial - Zambézia
14.º Alexandre Magno – 2º Secretário Provincial - Zambézia
15.º Alves Couviua - Combatente
16.º Luís Njanji – Comandante - Tete
17.º Armando Malata – Responsável de Material Bélico - Tete
18.º António Machado – Comandante (natural da Zambézia)
19.º António Mazuze – Comandante em Marupa – Niassa (Natural de Gaza)
20.º Frackson Banda – Comandante Destacamento Tete
21.º Manuel Mumba – Comissário Politico (Natural Tete)
22.º Lino Ibrahimo – Comandante FRELIMO fuzilado em Cabo Delgado
23.º José Mandindi – Comissário Politico (Natural Niassa)
24.º José Rivas – Comandante Base Furancungo - Tete
25.º Dr. Cambeue – Um dos Dirigentes da COREMO (Natural de Murumbala – Zambézia)
26.º Basílio Banda – Líder MONIPAMO e opositor da FRELIMO (Natural do Niassa)
27.º Dr.ª Joana Simeão – Vice-Presidente da GUMO. Queimada viva em Metelela
28.º José Nicodêmo – Dissidente da FRELIMO (Natural da Zambézia)
29.º Félix Mendes - Combatente da FRELIMO (Natural de Tete)
30.ºAntónio Ferrão – Comandante da FRELIMO (Natural de Tete)
31.º Francisco Cúfa – Um dos Lideres da FRELIMO (Natural da Zambézia)
32.º Augusto Nababele – Combatente (Natural da Zambézia)
33.º Josina Mutemba – Ex-namorada de Filipe Magaia, e posteriormente esposa do Samora, envenenada no hospital de Muhimbiri – Dar-es-Saalam. (Natural de Quelimane)
34.º Sara Tomás – (Natural de Tete)
35.º Silvério Nungo – Dirigente da FRELIMO, Fuzilado em CABO DELGADO (Natural de Manica e Sofala)
36.º Joaquim Matias – Comandante de Bagamoyo (Natural de Cabo Delgado)
37.º Fernando Napulula – Comandante de Cabo Delgado (Natural de Cabo Delgado)
38.º Raimundo Dalepa – Comandante (Natural de Cabo Delgado)
39.º Dunía Nkunda – Comandante (Natural de Cabo delgado)
40.º Carlos Nunes - Comandante (Natural da Zambézia)
41.º António Fabião - Combatente (Natural da Zambézia)
42.º António Quembo - Combatente (Natural de Tete)
43.º Francisco Mutamanga - Chefe das Operações de Manica e Sofala (Natural de Manica e Sofala)
44º Damião Piri – Comandante (Natural de Tete)
45º Paulo Gumane – Queimado vivo em Metelela
46º Pedro Mondlane - Idem
47º Celina Simango - Idem
48º Júlio Razão - Idem
Em memória de todos os que foram assassinados pela Frelimo
Tanzânia – Nachingueia – Janeiro 1975 – Apresentação dos ditos “reaccionários” depois de uma noite de tortura. Da esquerda para a direita: pintor João Craveirinha; estudante José Francisco, 1º Comdt. de mísseis Pedro Simango; Dr João Unhai (médico); Prof. Dr. Faustino Kambeu (Direito Internacional); professora Celina Muchanga Simango (esposa do Rev. Uria Simango).
Esta é uma pequena lista que inclui os nomes de alguns fundadores da FRELIMO, bem como dos seus comandantes e Combatentes. Existem muitos outros cujos nomes que irão ser divulgados ao longo dos tempos, mas, como disse, é uma pequena amostra dos crimes cometidos pela Frelimo, durante e após a luta armada.
(Excertos do livro a publicar por um ex-comandante de guerrilha da Frelimo)
Ovar, 25 de Outubro de 2009
Álvaro Teixeira (GE)