Sexta-feira, 8 de Abril de 2016

Biografia de Zeca Caliate (ex - Comandante da Frelimo)

    

Zeca Caliate.JPG

   Zeca Caliate Maguaia, nascido a 5 de Janeiro de 1948, natural de Milange, Província da Zambézia.

             Militante da Frente de Libertação de Moçambique Frelimo, desde Setembro de 1963 e no ano seguinte; Isto é, em 1964 juntei-me ao primeiro grupo de guerrilheiros treinados na Argélia e com eles, embora destreinado, iniciamos a luta armada na frente Zambeziana no dia 25 de Setembro de 1964, que acabou fracassada por falta de abastecimento de material bélico. Pois o Governo de Malawi, sob liderança de Dr. Hasting Kamuzu Banda, nunca aceitou a passagem de material no seu território para uma luta contra Portugal.

         Todavia em Novembro do mesmo ano fomos todos evacuados para Tanganica, onde eu mais alguns ex-camaradas que ainda não estávamos treinados militarmente, fomos enviados para o Campo de preparação física e ideológica da Frelimo sito na vila de Bagamoyo, ali permanecemos durante três meses e por fim fomos enviados novamente para o primeiro Campo de Treinos militares em Kongwa, Província de Dodoma. Concluídos os treinos militares, meus ex-colegas foram enviados para a Província da Zambézia via Niassa; Infelizmente não chagaram ao destino, a companhia foi interceptada e destroçada em Micanhela pelo exército Português muitos morreram e alguns que escaparam, atravessaram a fronteira de Moçambique para o Malawi, ali foram feitos prisioneiros em Zomba, onde estiveram encarcerados durante alguns meses depois foram soltos e enviados para o Tanganica. Eu depois de concluir o treino militar, fui destacado a chefiar um pequeno grupo de Segurança que foi enviado para Residência de Dr. Eduardo Mondlane em Oster Bay, Dar-es-Salam, onde permanecemos até em Março de 1966 salvo erro. De novo, regressamos para o Campo Militar de Kongwa, onde ficamos a aguardar às novas tarefas para cumprir.

           De referir que nessa altura, chefe máximo de Departamento da Defesa e Segurança da Frelimo, era Filipe Samuel Magaia. Enquanto Samora Machel, comandava o campo militar de Kongwa e servia de adjunto de Filipe Magaia e acabava de receber ordens da sua transferência para comandar o novo Campo militar de Nachingwea com Instrutores Chineses.

          

                


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Segunda-feira, 22 de Junho de 2009

A MINHA VIDA DE GE – Parte 2

 

No dia seguinte, se a memória não me falha, 28/04/1973, embarquei num “Friendship” da DETA. Era o adeus ao Niassa. Pela janela do avião ia observando a paisagem e, pela última vez, vi as águas do Lago Niassa, que nunca me pareceram tão belas como nesse dia. Aquela combinação de cores do verde ao azul era, de facto, a imagem do Paraíso, tão belo que não se apaga da minha memória. Imagens hipnotizantes.
 
Boeing 737 da DETA
O avião fez escala em Tete sob um calor tão intenso que, quando saí e pus os pés na pista, fui a correr para a Aerogare, porque parecia que estava a calcar brasas. Sabia que, em Tete, o calor era imenso, mas nunca imaginei que fosse assim. Fui a uma casa de banho da Aerogare para passar água pelas mãos e pela cara, mas, quando abri a torneira esta começou a jorrar uma água barrenta e tão quente, que desisti. Fui ao bar beber uma garrafa de água e foi, nessa altura, que vi, pela primeira vez, os aviões-bombardeiros Fiat da nossa Força Aérea que estavam estacionados na pista. Tinham, de facto, uma imagem assustadora, mas, do meu ponto vista, não foram tão eficazes quanto isso, porque missão das Nossas Forças Armadas não era atacar populações indefesas, apesar da propaganda da Frelimo, mas suster ataques da guerrilha contra as suas próprias populações. Isto não se trata de um branqueamento do nosso papel na Guerra, mas a confirmação do que se passava no terreno. É evidente que a acção dissuasora passava, também, pelos ataques às bases de guerrilha da Frelimo, como é perfeitamente compreensível, uma vez que, além de serem um suporte da guerrilha, eram, na sua maioria alimentadas por roubos de produtos comestíveis produzidos nas “machambas” dos aldeamentos, passando, também pelo roubo de gado e era, por estas razões, que a maioria dos aldeões apelidava os guerrilheiros de bandidos. Aproveito para referir aqui o massacre de Wiriamu que foi o único praticado na Guerra Colonial, por uma companhia de Comandos, que, psicologicamente estariam tresloucados. A notícia deste massacre correu mundo e foi, efectivamente, reconhecido por todos, incluindo nós, como uma vergonha, mas que não passou de uma excepção. Os Movimentos de Libertação levaram à prática massacres de dimensões muito superiores (cito os massacres da UPA, em Angola), mas que tiveram a bênção do, na época, Comunismo Internacional. Isto para não referir os massacres contra as próprias populações cometidos na Guiné-Bissau, em Angola e em Moçambique, no período imediato à independência.
 
A cidade de Tete
Depois de cerca de duas horas no aeroporto de Tete, entrei no avião com destino à Beira. Depois de quase sete meses no mato, chego, finalmente, à civilização.
A cidade da Beira pareceu-me muito mais linda e acolhedora do que, quando lá estive, no início de Outubro do ano anterior.
Instalei-me na Residencial Nery, junto à Praça do Capri e interroguei-me como era possível haver tanto conforto, depois do que tinha passado no Aquartelamento de Olivença e as noites passadas no mato rodeado de mosquitos insaciáveis e a ouvir o rugir dos leões que passavam por perto.
Aeroporto da Beira
Aqui começou o intervalo da minha guerra. Procurei viver todos os instantes da minha vida, porque tinha a consciência de que, uns meses depois, iria enfrentar perigos muito maiores do que os passados em Olivença.
A Praça do "Café Capri"
As minhas idas ao Café Capri faziam parte de um ritual. Este Café era o ponto principal de passagem e de encontro dos nossos militares que, entre um “batido” ou uma cerveja, contavam as suas peripécias passadas em terras do fim do mundo. Muitos lamentavam a morte de camaradas e outros faziam a festa do regresso a Portugal. Observei comportamentos, desde o comportamento normal até ao dos “cacimbados”, muitos quais nunca mais conseguiram ultrapassar os seus traumas e vivem, como fantasmas, por todo esse Portugal, alcoolizados, drogados, abandonados pelas suas próprias famílias, sem que os nossos governantes tomem medidas para a sua protecção, apesar das promessas de todos os governos da era democrática. Estes são as grandes vítimas dos oportunistas que se aproveitaram da Revolução.
 Quem não se lembra destes "símbolos"?
Moulin Rouge Prédio "Miramortos"
 
Ovar, 22 de Junho de 2009
 
(Continua…)

 


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